Livro: Auto da Compadecida
Autor:
Ariano Suassuna
Como
apreciamos muito a literatura brasileira também, o post de hoje é em homenagem
a Ariano Suassuna e seu famigerado Auto da Compadecida.
Auto
da Compadecida é uma peça teatral em forma de auto, que foi escrito em 1955, por
Ariano Suassuna, com base em romances e histórias populares do Nordeste.
A
peça gira em torno do sagaz João Grilo e do frouxo e mentiroso Chicó ("não sei... só sei que foi assim..."),
empregados de uma padaria, cujos donos são muito avarentos e tratam melhor seu
cachorro do que seus funcionários.
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João Grilo: ...E a raiva que eu tenho é porque quando estava doente, me
acabando em cima de uma cama, via passar o prato de comida que ela mandava p’ro
cachorro. Até carne passada na manteiga tinha. Pra mim nada, João Grilo que se
danasse. Um dia eu me vingo!
O
cachorro morre e João Grilo e Chicó arrumam confusão para persuadir o padre a
dar a benção, antes que seja enterrado. Dizem que o cachorro pertence a um
poderoso homem da cidade, cujo motor do carro o padre já benzeu, assim não
teria problema se benzesse o cachorro.
Quando
o padre está convencido, Antonio Morais, o homem poderoso, vai à igreja pedir
benção a seu filho. O padre achando que se tratava ainda do cachorro, fala
coisas que deixa Antonio furioso. O diálogo é muito bem desenvolvido e
engraçado.
Depois
da confusão arranjada, Chicó e João avisam que o cachorro é da mulher do
padeiro, e que o bichinho era devoto e deixou em testamento 10 contos de réis
para a igreja. O bispo e a padre estavam contra a benção, devido à confusão com
Antonio Morais, até o momento de saber do dinheiro. Assim fazem o enterro,
inclusive em latim.
Para
se vingar, João arranja um gato para dar para a mulher do padeiro, em
substituição do cão finado. Inventam que o gato “descome” dinheiro, e a patroa,
gananciosa, o compra imediatamente. Uma das melhores partes do livro, sem
duvidas.
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João Grilo: Está aí o gato
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Mulher: E daí?
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João Grilo: é só tirar o dinheiro
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Mulher: Pois tire
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João Grilo: (virando o gato pra Chicó, com o rabo levantado) Tire aí, Chicó!
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Chicó: Eu não, tire você!
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João Grilo: Deixe de luxo, Chicó, em ciência tudo é natural.
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Chicó: Pois se é natural, tire.
-João
Grilo: Então tiro. [Passa a mão no traseiro do gato e tira uma prata de cinco
tostões.] Está aí, cinco tostões que o gato lhe dá de presente.
Quando
ela descobre que o gato não “descomia” dinheiro, vai atrás dos dois, porém
Severino, o cangaceiro, invade a cidade e faz com que seu capanga mate o padre,
o bispo, o padeiro e a esposa.
No
momento de executar João Grilo e Chicó, João engana Severino com uma suposta
gaita mágica, que faz ressuscitar os mortos, convencendo Severino a morrer para
encontrar Padre Cícero, e depois voltar com o poder da gaita.
O capanga
vendo que Severino não ressuscitava mata João Grilo.
Todos
os mortos se encontram para o julgamento final, onde se encontram Jesus e o
Diabo. João Grilo consegue convencê-los de que a presença de Nossa Senhora é
necessária. Todos os mortos recebem dela sua sentença, e João consegue uma nova
chance de voltar para a Terra.
A narrativa do livro é simples e divertida, e de leitura fácil. Li
inteiro de uma vez!
Aparecem elementos da literatura de cordel, cultura popular e
religiosidade, além do regionalismo nordestino. Também é possível perceber a
sátira social, em elementos como a morte e ressurreição, dinheiro
comparado a excremento, ambicioso tomando por verdade uma história absurda,
pois a ambição o cega, entre outros. Vale a pena a leitura!!
Onde posso
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Onde mais posso
encontrar a história: O Auto da Compadecida - O Filme - Também muito bom!!! Matheus Nachtergaele está perfeito de João Grilo. =D
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