Título: O Oceano no Fim do Caminho
Neil Gaiman é um autor que
sempre me deixa pensando no que li, por um bom tempo ao término da leitura.
Adoro, mas não é meu autor
favorito, e às vezes até acho alguns livros medianos.
Li 7, e tenho ainda um por ler,
e nenhum se tornou um favorito. Gostei muito de uns, e não tanto de outros
(Deuses Americanos, em minha opinião, é bom, mas superestimado, e não a masterpiece de Gaiman).
Mas sempre, sempre alguma
coisa nas histórias fica me martelando a cabeça... Seja uma frase, seja um
contexto, uma personagem...
Não podia ter sido diferente
com “O oceano no fim do caminho”.
Esse foi um livro que me
apaixonei primeiro pelo nome, depois pela capa, e só depois de um tempinho,
quando consegui comprar e ler, pela história.
Ele foi mais um dos que eu
trouxe um dia do sebo. Troquei uma pilha de livros velhos que encontrei na
lixeira do prédio por ele, após uma breve discussão com o proprietário do sebo,
que deu no livro (usado) um valor mais alto do que o de um novo. Mas trouxe pra
casa mesmo assim. (Afinal, os que deixei lá em troca tinham sido achados).
O livro é narrado pelo
protagonista já adulto, quando, após um funeral, resolve revisitar pontos de
sua infância. Ele é levado inconscientemente à fazenda das Hempstock, onde,
sentado em frente ao oceano de Lettie, gradativamente relembra fatos há muito
esquecidos.
Acontecimentos de quando
tinha 7 anos vem a tona, quando devido a problemas financeiros, sua família
passa alugar seu quarto, e ele tem que dividir um quarto com a irmã.
Como inquilinos marcantes
temos o minerador de opalas, que gera uma certa angustia e raiva, pois além de
ser o ponto inicial de uma série de problemas, ao chegar, atropela o gatinho do
garoto, e esse fato passa praticamente despercebido por todos os adultos da
história. =/
O minerador, certo dia,
rouba o carro da família, e suicida-se dentro dele. O carro é encontrado nas
proximidades, na fazenda das Hempstock, que se localiza “no fim do caminho”.
Ali vive uma menina de onze
anos, Lettie, com sua mãe e avó, que convidam o garoto para ficar em sua casa,
enquanto policiais e o pai do menino resolvem as questões burocráticas acerca
do cadáver dentro do carro. Ele se aproxima rapidamente da menina, apesar de
não estar acostumado a ter amigos.
As três mulheres contam a
ele que o que matou o minerador precisa ser enviado de volta a seu lugar, e cabe
a Lettie essa missão, que leva o garoto em companhia. Esse é o ponto de partida
do fantasioso da história, tão característico de Gaiman.
O garoto promete não soltar
a mão de Lettie, mas algo chama sua atenção durante a missão, e ele a solta por
um instante. Nesse momento sente uma picada no pé, que ao chegar em casa
verificou ser um verme rosa e cinza, que ele retira e joga no ralo da banheira.
No dia seguinte, o verme se
transfigura em uma babá, Ursula Monkton, que vai morar em sua casa, para tomar
conta dele e de sua irmã.
Ursula passa a ser um grande
pesadelo para o garoto, envolvendo toda sua família em uma rede de mentiras,
para conseguir o que ela deseja.
Ele, por sua vez, é o único a
enxergar isso, e não podendo contar com os pais para eliminá-la, tem que contar
com Lettie e seu estranho mundo de mágica, novamente.
Essa história tem um quê de
infantojuvenil, devido ao fato de ser narrada do ponto de vista de um
protagonista de 7 anos, mas é muito peculiar e diferente de qualquer outra, pois
seus momentos mais impactantes não são os mágicos, e de descobertas, mas sim os
de realidade, por vezes cruel e violenta.
Além disso, todos os seres
humanos não são nomeados. Somente os seres fantasiosos têm nomes (como as
Hempstock e Ursula). Esses podem fazer qualquer coisa, como deixar a lua com o
formato que quiserem, ou colocar um lago inteiro (que chamam de oceano)
dentro de um balde.
O livro trata de temas fortes como
solidão, morte, adultério, e violência, que dão aperto no coração (ninguém vai
ao aniversário do garoto; ele vê seu pai beijando o pescoço da governanta e não
entende porquê; etc...). Mostrando que, no fim, a pior coisa na história não são
os monstros, e sim o próprio ser humano, incluídos em uma discussão discreta sobre questões sociais, numa
história que beira a simplicidade, mas que é, acima de tudo, muito sensível.
“Era apenas um lago de patos, nos fundos
da fazenda.
Nada muito grande.
Lettie Hempstock dizia que era um
oceano,
mas eu sabia que isso não fazia o menor sentido (...)”
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