Autor: George Orwell
Editora: Companhia das Letras
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Não sou a maior fã do Orwell, mas esse foi apenas o segundo livro que li dele. Acho ele um pouco maçante e prolixo, e tenho dificuldade de me manter com atenção constante à história.
Porém, assim como em Como morrem os pobres e outros ensaios, que já teve resenha aqui no blog, precisei fazer também para a faculdade uma resenha sobre 1984. E mesmo sem gostar do livro, obtive nota máxima com ela.
Essa resenha foi para a minha aula de jornalismo online, por isso as inúmeras referencias de jornalistas e sobre a privacidade nos dias de hoje.
George Orwell não era vidente, mas previu o futuro com
uma precisão assustadora. A diferença é que hoje procuramos “O grande irmão”. O
vocabulário da Novafala, novo
vocabulário que pretendia excluir todo tipo de expressão e limitar ao máximo o
pensamento das pessoas, se assemelha ao novo vocabulário usado na internet, que
abrevia todo o tipo de palavra e faz parecer ultrapassado quem não o usa. Em novafala também tinha palavras que
designavam crimes como vidapropria e pensamentocrime.
Diversos autores da atualidade se basearem em Orwell para
tentar explicar o fenômeno que vivemos hoje. A internet hoje guia nossa vida.
Precisamos estar a todo o momento conectados ao facebook, e as redes sociais.
Isso se tornou o nosso “Grande Irmão” e a necessidade de nos expormos ao
outros, mostrar nossa felicidade, nossas conquistas, acaba tolhendo nossa vida
própria, nossos pensamentos íntimos.
O pior de tudo é não percebermos como estamos sendo
vigiados a todo instante, e achar isso normal, como mostra estudos realizados
na China, o país tem o maior numero de usuários da internet e é também o maior
censor. Porém 76% dos chineses se sentem livre da fiscalização do governo.
Fernando Reinach em uma coluna para um jornal impresso
atenta para o fato de ser possível prever aspectos da vida amorosa dos usuários
do facebook apenas pela relação de amigos que você estabelece em sua rede
social.
É assustador perceber que nos idos da década de 40 alguém
já pudesse ver com tanta clareza o que aconteceria num futuro não tão distante.
Talvez esse fato somado ao estilo detalhista do escritor George Orwell o livro
não me pareceu agradável como outros tipos de literatura.
A revolução digital levou a uma mudança radical em várias
áreas da vida humana. Novas doenças e síndromes surgiram com o acesso diário
com que somos bombardeados de informações, as profissões tiveram que se
adaptar, principalmente o jornalismo. Com a facilidade de reportar, denunciar,
contar e mostrar a realidade, os jornalistas tiveram que aliar e aprender com a
internet e como interagir no cyber espaço. Nem todos que estão nas redes
sociais são jornalistas, e temos que saber exatamente o que nos distingue dos
“jornalistas de redes sociais”.
Assim como no livro, a nossa privacidade também ficou
ameaçada com a era digital. Tanto, que ate o governo precisou criar leis sobre
o que pode ou não na internet. É comum nos dias de hoje vermos todo tipo de
conteúdo divulgado na rede e muitas vezes sem o conhecimento dos protagonistas
dos vídeos e fotos.
O mundo está todo conectado a apenas um click. Podemos
interagir com a Rússia, Nova Zelândia ou Alaska. Porém estamos nos afastado do
que está realmente perto. Falta hoje aprender a viver com essa nova realidade e
como se comportar na internet, nem tudo é aceitável, nem tudo é compartilhável.
Assim como em 1984,
no qual os membros do partido não conseguem se lembrar de como era o mundo
antes, para nós também é difícil lembrar os anos que antecederam o avanço da
internet, tanto que parece que estamos falando de outra realidade.
Filme: 1984 - youtube
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