Livro: Laranja Mecânica
Autor: Anthony Burgess
Editora: Aleph
Laranja Mecânica foi o
primeiro livro que li nessas férias. E como elas acabaram ontem, ele foi
escolhido para homenageá-las, pois já estou com saudades hahahah
Meu vínculo com a história é
esquisito. Assisti ao filme há alguns anos, e lembro de ter gostado da história,
mas ter odiado assistir (impressão que tenho até hoje com a maioria dos filmes
dirigidos por Stanley Kubrick).
Depois de ter começado a
estudar psicologia, Laranja Mecânica apareceu frequentemente durante minhas
aulas, como exemplo de condicionamento clássico. Daí, depois de um tempo,
assisti novamente ao filme, com umas amigas da faculdade.
Dessa segunda vez gostei bem
mais (apesar de ainda achar o filme cansativo, como da primeira vez), e me deu
uma vontadezinha de ler o livro.
Mais de um ano se passou, e
consegui emprestada essa edição especial de 50 anos da Aleph (Essa edição, além
de lindíssima, contém vários extras, com escritos do próprio Burgess sobre sua
obra, e etc.).
Fiquei vários meses com ele
aqui na prateleira, na fila (ATENÇÃO: não faça isso com livros emprestados! Leia
logo, e devolva rápido. =p), esperando uma oportunidade com mais tempo e paciência
para lê-lo, pois achei que seria uma leitura difícil.
Quando nos primeiros dias das
minhas férias, comecei a ler, me surpreendi. Acabei o livro em 3 dias! Apesar
do dialeto nadsat (linguagem das
gangues de rua adolescentes de uma Inglaterra futurista, criada pelo autor) ser
um pouco incomodo na leitura, com o passar das páginas é possível compreende-lo
sem grandes dificuldades (ou pelo contexto, ou, se preciso, consultando o
glossário no fim do livro).
A história é narrada em
primeira pessoa, pelo protagonista Alex, como se ele fizesse o relato para alguém
de seu universo. Alex e seus amigos (druguis)
se reúnem para beber moloko (uma espécie
de leite com drogas) e cometer atos de roubos e violências – batem em pessoas
nas ruas, destroem lojas, invadem casas e estupram mulheres.
Numa dessas ocasiões, algo sai
errado, e Alex é preso. Na prisão, a princípio finge se arrepender e mudar de
comportamento, para se libertar o mais rápido possível.
Dessa forma, é convidado para
ser submetido à Técnica Ludovico, que promete reabilitá-lo em 15 dias,
eliminando seu comportamento violento.
A Técnica, que é o que interessa
à Psicologia, trata do condicionamento respondente (ou clássico), teorizado
pelo fisiologista russo Ivan Pavlov, no qual, numa breve explicação, se associa
repetidas vezes um estímulo neutro a um outro estimulo (chamado estimulo
incondicionado) que automaticamente irá desencadear uma resposta.
No livro, Alex toma alguns
medicamentos antes de assistir a vídeos e filmes de violência (que são exibidos
com músicas clássicas – que Alex adora). O medicamento faz com que ele passe
mal, mas com a associação aos filmes, ele passa a automaticamente passar mal a
assisti-los ou a ouvir as músicas (mesmo sem a medicação).
Para a Técnica Ludovico esse
comportamento condicionado seria o tratamento definitivo para a violência.
Após ter alta do tratamento e
se ver livre da prisão, Alex volta à casa dos pais sem avisá-los, e ao chegar se
depara com um outro homem na casa, que alugando seu quarto, ocupa seu lugar na família, e seu espaço
físico.
Além disso reencontra seus
velhos druguis, que agora trabalham
para a polícia. Seus antigos lugares favoritos são agora frequentados por tipos
de pessoas que ele detesta. E nesse ciclo de decepções o livro se encaminha
para o final.
Há ainda questões desencadeadas
por pessoas que repudiam a Técnica Ludovico, e usam Alex contra a política.
O filme de Kubrick não explora
o último capítulo do livro, o que na minha opinião, funcionou bem no cinema. Para
quem leu depois de ver o filme (eu o/), o final é surpreendente.
Me arrependi de ter enrolado
tanto para ler... É Horrorshow (excelente)!
Onde
encontrar pelo melhor preço hoje: Livraria Saraiva - R$37,91
Mais
sobre Laranja Mecânica: Além do filme, que já citei na resenha, a
banda Sepultura gravou em 2009, o disco conceitual, A-Lex, inspirado na
história.
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