A Insustentável Leveza do Ser

Livro:  A Insustentável Leveza do Ser

Autor: Milan Kundera


A Insustentável Leveza do Ser é mais um daqueles livros em que você se apaixona de cara, só pelo título. Pra mim, é um dos títulos mais bonitos da literatura. Faz refletir profundamente antes mesmo de começar a primeira página. Essa antítese nos faz pensar no porque da insustentabilidade, pensar na profundidade do ser.

Nunca tinha lido nada de Milan Kundera, mas algumas fontes literárias confiáveis vinham me recomendando já há algum tempo. Baixei Risíveis Amores no celular e dei uma espiada nas primeiras páginas, mas não terminei de ler ainda. Os livros físicos acabam sendo sempre prioridade...

Um dia, estava na casa de uma amiga, e praticamente toda vez que vou lá, faço uns empréstimos na prateleira dela... Assim, A Insustentável Leveza do Ser veio para minha casa, no feriado de carnaval.

Finalizei primeiro alguns livros que estava lendo, e aproximadamente duas semanas atrás peguei este pra ler.

Já nas primeiras páginas, o autor nos questiona sobre o peso e a leveza do ser.

“O mais pesado dos fardos nos esmaga, verga-nos, comprime-nos contra o chão. Na poesia amorosa de todos os séculos, porém, a mulher deseja receber o fardo do corpo masculino. O mais pesado dos fardos é, portanto, ao mesmo tempo a imagem da realização vital mais intensa. Quanto mais pesado é o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais real e verdadeira ela é.

Em compensação, a ausência total de fardo leva o ser humano a se tornar mais leve do que o ar, leva-o a voar, a se distanciar da terra, do ser terrestre, a se tornar semi-real, e leva seus movimentos a ser tão livres como insignificantes.

O que escolher então? O peso ou a leveza?”.

Dessa forma, o autor começa a nos apresentar os personagens e o momento em que a história começa.

Estamos em Praga, na década de 60. Sob o regime comunista e a opressão.

A história se reveza em nos contar sobre Tomas, Tereza, Sabina e Franz, e as formas como suas vidas se cruzam, se escapam e se frustram no decorrer dos anos.

Tomas é um libertino, que quase que sem escolhas, se casa com Tereza, a mulher apaixonada que foi atrás dele num momento de impulsividade.

Sabina é amiga e a amante preferida de Tomas. É fugaz, contraditória, sexual. Tem na traição um modo de vida. Não a traição carnal. A traição ideológica sobretudo.

Franz é idealista. Se apaixona por Sabina, e mantém com ela uma relação extraconjugal por um tempo.

Milan Kundera disseca o ser humano em seus desejos, essência e dualismo, através desses quatro personagens.

Por exemplo, Tereza continua casada com Tomas, mesmo sabendo e odiando suas traições. Acredita que não tem nada no mundo, a não ser ele. Tomas por sua vez, apesar de amá-la, não consegue deixar de lado a vida infiel. Nos fazendo pensar se o peso seria realmente cruel, e a leveza realmente desejável.

É através desses antagonismos leveza/peso, corpo/alma, força/fraqueza, mergulhados no cenário político da invasão russa na Tchecoslováquia, que coloca por vezes as personagens em situações sem escolhas, que as trezentas e poucas páginas do romance se desenrolam.

Kundera trás também reflexões sobre temas diversos em passagens como:

“...os amores são como os impérios: desaparecendo a ideia sobre a qual foram construídos, morrem com ela”

“Se, ainda recentemente, a palavra merda era substituída nos livros por reticências, isso não se devia a razões morais. Afinal de contas, não se pode pretender que a merda seja imoral! A objeção à merda é metafísica. O instante da defecação é a prova cotidiana do caráter inaceitável da Criação. Das duas uma: ou a merda é aceitável (e nesse caso não precisamos nos trancar no banheiro!), ou a maneira como fomos criados é inadmissível.”

“Para Tereza, o livro era o sinal de reconhecimento de uma irmandade secreta (...) Eles lhe ofereciam uma chance de evasão imaginária, arrancando-a de uma vida que não lhe trazia nenhuma satisfação, mas tinham também para ela um sentido como objetos: gostava de passear na rua com livros debaixo do braço. Era para ela o que a elegante bengala de um dândi do século passado. Eles a distinguiam das outras”


Ele faz, além de tudo, com que nos demos conta de que as questões existenciais dos personagens não são muito diferentes das nossas próprias. Denso, profundo e notável. Vale a pena!

Mais sobre A insustentável leveza do ser: Filme

Onde encontrar pelo melhor preço hoje: Casas Bahia - R$17,00

Nenhum comentário

Postar um comentário

© Rodapé de Livros - Todos os direitos reservados.
Criado por: Thayz e Isabella.
Tecnologia do Blogger.
imagem-logo